O valor da correção

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Em 20 de dezembro de 1995, o voo 965 da American Airlines decolou de Miami rumo ao aeroporto de Cali, Colômbia. Já em território colombiano, a aeronave se chocou contra uma montanha, matando 151 pessoas, dos 155 passageiros e 8 tripulantes. Esse acidente é registrado como o pior acidente da aviação aérea na Colômbia.

Depois de uma longa investigação, as autoridades aeronáuticas chegaram às conclusões da causa do acidente. Um dos principais motivos me chamou a atenção:

“Falha da tripulação de voo para interromper a aproximação em Cali, apesar de inúmeras pistas alertando-os sobre a inconveniência de continuar a aproximação.”

Em outras palavras, o avião estava em rota de colisão, a tripulação foi avisada, mas não atendeu aos alertas.

Ao longo da caminhada cristã, em algum momento, todos nós precisamos de ajustes, de correção de rota. A questão é como reagimos a esses alertas/ correções. Pense comigo: se você for como eu, você já foi corrigido várias vezes, de inúmeras formas, por pessoas diferentes, mas... nem sempre reagiu bem! Em alguns momentos simplesmente ignoramos os alertas. Em outros momentos os rejeitamos e argumentamos contra. Ainda em outros, nos sentimos atacados e nos distanciamos das pessoas.

O que a Bíblia diz sobre isso? A palavra hebraica para “correção” é moo-sawr' (ּ֝מוּסָ֗ר). O livro da Bíblia em que ela é mais citada (30x) é o livro de Provérbios.

Vejamos o que diz Pv. 3.11: “Meu filho, não rejeites a disciplina do SENHOR, nem te canses da sua repreensão”. 

A palavra aqui traduzida por “repreensão” tem o sentido de “correção”. De acordo com Provérbios, não devemos desprezar a correção do Senhor.

Essa correção/repreensão, claro, tem como parâmetro a Palavra de Deus e ela é feita por meio da pregação da Palavra, mas também por meio de aconselhamentos, conversas, etc.

Por que? Qual o motivo que não devemos rejeitar essa correção? O sábio responde:

“Porque o SENHOR repreende a quem ama, assim como o pai repreende o filho a quem quer bem.” (Pv 3.12)

Veja que o texto faz uma comparação da relação do pai para com o filho, no contexto da correção. É exatamente esse texto que o autor de Hebreus cita:

“Já vos esquecestes do ânimo de que ele vos fala como a filhos: Filho meu, não desprezes a disciplina do Senhor, nem fiques desanimado quando por ele és repreendido. Pois o Senhor disciplina a quem ama e pune a todo que recebe como filho. É visando à disciplina que perseverais. Deus vos trata como filhos. Pois qual é o filho a quem o pai não disciplina?” (Hb 12.5-7).

Ora, uma vez que somos feitos filhos de Deus, pela graça, mediante a fé na morte e ressurreição de Jesus Cristo, o Senhor nos corrige sempre que necessário.

E aí precisamos ouvir o que Provérbios diz a respeito da correção. De acordo com o livro de Sabedoria:

1-     A correção é caminho de vida (4.13; 6.23;10.17);

2-     A correção é mais valiosa que riquezas (8.10);

3-     Atender à correção é sabedoria (8.33;12.1;13.1;15.5,32;19.20,27; 22.15);

4-     Quem aceita a correção será honrado (13.18);

Por outro lado, o livro de Provérbios também diz:

1-     Quem despreza a correção é insensato (1.7);

2-     Rejeitar a correção traz ruína (5.12,23; 15.10);

Veja que o sábio alerta para o perigo de ruína, caso a correção seja ignorada. Foi literalmente o que aconteceu ao voo 965.

Na jornada rumo à nossa morada eterna, todos nós precisamos ter a rota corrigida. Essa correção não acontece uma só vez, mas constantemente. A verdade é que todos nós precisamos de uma “torre de controle” que nos ajude a corrigir a rota, seja em relação ao casamento, ou quanto à educação dos filhos. Precisamos de correção na forma como lidamos com o dinheiro, ou em nossos relacionamentos com amigos e irmãos. Aqui e acolá precisamos ter a rota corrigida quanto ao nosso entendimento a respeito de Deus e Sua vontade para nós.

A questão é: como reagimos às correções que a “torre de controle” tem enviado? Precisamos considerar seriamente sobre como temos reagido à correção que o Senhor nos tem dado. Caso contrário, a colisão é certa.

Pr. Nelson Galvão