O que significa honrar ao Senhor com nossos recursos? Através do livro de Provérbios temos visto que isso significa: (1) entender que o dinheiro não é o bem mais precioso da vida, existem coisas mais importantes; (2) é mais importante “como ter” do que “ter”.
Uma outra advertência de Provérbios a respeito do dinheiro diz respeito à motivação na aquisição de bens: Cuidado com a cobiça.
Vejamos:
· A cobiça é autodestruição
Pv 1.19
“São assim as veredas de todo aquele que se entrega à cobiça; ela tira a vida dos que a possuem.”
· A cobiça leva à transtornos para a própria família
Pv 15.27
“O que se entrega à cobiça perturba a própria casa, mas quem rejeita o suborno viverá.”
· A cobiça leva à flexibilização de valores
Pv 15.27
“O que se entrega à cobiça perturba a própria casa, mas quem rejeita o suborno viverá.”
· A cobiça é uma marca da impiedade
Pv 21.26
“Todo dia o ímpio cobiça, mas o justo dá sem reter.”
· A cobiça é punida com justiça
Pv 28.8
O que aumenta os seus bens com usura e ganância ajunta-os para o que se compadece do pobre
Isso parece estranho para a nossa cultura. Isso porque celebramos a ganância como sendo empreendedorismo! Não que o empreendedorismo seja errado. De forma alguma, mas em muitas ocasiões podemos louvar uma atitude que, no final das contas, é pecaminosa. Muitos inclusive têm posto uma capa religiosa para justificar sua ganância (teologia da prosperidade).
No Sermão do Monte, Jesus alertou sobre a cobiça. Como Jesus fez isso? Veja Mt 6. Jesus nos adverte a respeito da ansiedade (Mt 6.25,31,34).
Ta, mas qual é a relação da ansiedade com a cobiça? A ansiedade é um estado contínuo de preocupação quanto ao futuro; dessa forma, assim como a febre aponta para o fato de que tem algo de errado conosco, a ansiedade pode ser um indicador de onde está o nosso coração.
É por causa disso que a exortação de Jesus sobre a ansiedade começa em Mt 6.19-24, onde Jesus adverte que ninguém pode servir a Deus e as riquezas. Por quê? Veja: “porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mt 6.21).
Sendo assim, a ansiedade nos ajuda a perceber que o nosso coração pode estar cobiçosamente inclinado diante das riquezas. Em outras palavras, para Jesus a cobiça é idolatria. A cobiça aponta para a ruína de nosso coração.
Vamos fazer um teste? Responda com sinceridade:
üVocê não dorme porque não consegue parar de pensar em como conseguir mais dinheiro, porque considera o que tem não ser suficiente;
üVocê se atola em dívidas para ter o que não pode pagar;
üVocê deseja algo a ponto de estar disposto a relativizar princípios inegociáveis;
üVocê abraça avidamente a promoção que lhe dará um melhor salário, sendo que, por outro lado, lhe roubará o tempo em família;
üVocê está disposto a deixar seus filhos com terceiros (creche, babá, redes sociais, etc), desde que o seu padrão financeiro não seja afetado e depois ainda se justifica com aquele velho discurso de que o que importa mesmo é o “tempo de qualidade”.
üVocê perde o humor e sua relação com pessoas próximas (familiares e amigos) é afetada quando sua conta bancária não corresponde com o que você esperava.
Bem, se depois de uma autoavaliação sincera você respondeu positivamente a pelo menos uma dessas perguntas, isso aponta para onde está o seu coração. É possível que ele esteja em ruínas, ao se inclinar diante do trono de Mamon!
Qual é a solução para a cobiça? O desejo! Não o desejo por mais riquezas, mas o desejo reorientado para o lugar certo. No Sermão do Monte Jesus disse: “mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.” (Mt 6.33).
Perceba, a solução é direcionar o desejo para o Reino de Deus. A justiça se refere à justiça que nos atribuída por meio da morte e ressurreição de Cristo.
Sendo assim, o redirecionamento do nosso coração só pode ser realizado por Jesus. Somente quando Ele transforma o nosso coração é que este passa a ser adorador do verdadeiro Deus. Essa transformação só se da por meio da fé na morte e ressurreição de Cristo. Essa fé implica em desesperar-se consigo mesmo, abandonar a autoconfiança, e confiar somente nEle para a redenção de nossos pecados.
pr. Nelson Galvão
Ótima reflexão